Especial Escolhida, por Vitor


ESPECIAL ESCOLHIDA

Heath

- Heath, concentra-te. – Disse a Zoey, enquanto se preparava para continuar. – Os túneis. Tu deverias estar a dizer-me o que é que te lembras.
- Oh, yeah. – Ri, mandando o meu sorriso de bad-boy para ela. – Eu não me lembro de muita coisa, é por isso que te estou a perguntar. Só de dentes e garras e olhos e tal, e de ti. É como um pesadelo. Bem, a não ser pela parte contigo. Essa parte é boa. Hey, Z, tu salvaste-me? -
Fiquei à espera de uma resposta. Ela apenas virou os olhos de mim e começou a andar de novo e eu fui acompanhando-a ao longo do caminho.
- Sim, eu salvei-te, nerd.
- Do quê? – Perguntei.
- Caramba, tu não lês os jornais? A história estava na página dois. – Disse ela em resposta. Eu não tinha muita paciência para ler jornais, revistas e coisas assim. Mas a história era sobre mim, por isso, dei uma vista de olhos. Embora já estivesse a par, não me dizia quase nada.
- Sim, mas não dizia muita coisa. Então o que é que aconteceu mesmo?
Voltei a esperar por uma resposta vinda dela. Embora não dissesse nada, eu apenas gostava que ela estivesse perto de mim. Éramos nós os dois e o bom sentimento que nutríamos um pelo outro. Eu praticamente vivia obcecado pela Zoey, mas eu estava apaixonado. Tremendamente apaixonado por ela. Ela era a razão de eu viver e de eu ter tomado um caminho melhor.
- Não foi muito mais daquilo que diziam os jornais. Eu não sei quem era, só um louco da rua. O mesmo que matou o Chris e o Brad. Eu encontrei-te e usei o meu poder dos elementos para te soltar dele, mas tu estavas mesmo mal. Ele, uh, cortou-te e tal. É provavelmente por isso que tu tens essa estranha memória, quando tu te lembras de qualquer coisa. – Foi a vez dela de dar nos ombros.
- Eu não me preocuparia com isso, ou nem pensaria nisso se tu…não tem nada demais. – Comecei a dizer outra coisa, mas mal chegamos à entrada do parque, ela apontou para um banco abaixo de um carvalho.
- Que tal nos sentarmos ali? – Perguntou.
- O que tu disseres, Zo. – Coloquei os meus braços ao seu redor e caminhamos até ao banco. Quando nos sentamos, ela conseguiu soltar-se dos meus braços e fez um ângulo com o corpo na minha direcção, de modo a que eu não me pudesse aproximar dela. Respirou fundo e os seus olhos encontraram os meus. Eram tão lindos os seus olhos…pareciam jóias preciosas.
- Heath, eu e tu não nos podemos ver mais.
Enruguei a minha testa e comecei por tentar perceber por que é que ela dissera semelhante coisa. Não fazia simplesmente sentido nenhum.
- Por que é que tu dirias algo assim, Zo? É claro que nos podemos ver de novo.
- Não. Não é bom para ti. Temos de terminar. – Apressou-se ela a dizer quando eu comecei a protestar. Eu não estava a protestar. Estava a dizer uma coisa que a mim me parecia simples. E que para ela também o deveria ser. – Eu sei que parece difícil não me veres, mas isso é porque tivemos uma Impressão, Heath. É verdade. Eu estive a pesquisar. Se não nos virmos mais, a nossa Impressão vai desaparecer. – Eu mal conseguia acreditar no que ouvia. Aquilo não era verdade. Não pela voz que usava. Não era verdade. Simplesmente não era. – Tu vais ficar bem. Tu vais-te esquecer de mim e voltar a ser normal.
Enquanto ela falava, a minha expressão ficava cada vez mais séria e o meu corpo começou a endurecer. Isto porque aquilo que ela me dizia, me fazia ficar como uma estátua de pedra. E quando voltei a falar, soei velho, mas muito velho. Como se tivesse vivido mil anos e soubesse coisas que só ela poderia adivinhar. Aquilo não era o certo nem para mim nem para ela.
- Eu nunca te vou esquecer. Nem quando estiver morto. E isso é normal para mim. Amar-te é o meu normal.
- Tu não me amas. Tu só tiveste uma Impressão comigo. – Disse ela.
Não. Não era só aquilo. Ela estava enganada. Era como se tivesse criado uma ligação entre nós, que só ambos podíamos sentir.
- Mentira! – Gritei. – Não me digas que eu não te amo. Eu amo-te desde os meus 9 anos de idade. A Impressão é só outra parte do que tem acontecido entre nós desde crianças.
- Este negócio da Impressão tem que terminar. – Disse ela calmamente, encontrando de novo o meu olhar. Ela estava tão enganada. Não tinha de terminar. Não para nós…
- Porquê? Eu disse-te que é bom para mim. E tu sabes que pertencemos juntos, Zo. Tu tens de acreditar em mim.
Comecei a implorar, na esperança que ela voltasse atrás e dissesse algo que remediasse as suas últimas palavras. Eu não queria que aquilo acontecesse. E tudo por causa deles. Eram eles os causadores daquela situação. Aqueles malditos vampyros. Se a minha querida Zo não tivesse aquela coisa na testa, provavelmente teríamos ido juntos para a faculdade e teríamos casado depois da formatura. Teríamos filhos e viveríamos nos subúrbios e talvez até compraríamos um cão. Iríamos discutir de vez em quando, é claro. Na maior parte, porque eu sou muito obcecado por desportos, mas depois faríamos as pazes e eu trazer-lhe-ia flores e um urso de peluche, como temos feito desde que somos adolescentes. Éramos nós por tanto tempo…
- Heath, a verdade é que não é muito bom para mim quanto é para mim. – A sua voz era fria e sem emoção alguma. Z, não continues – Pensei eu. Por favor. Eu amo-te, Z. – Não há mais tu e eu. Eu tenho namorado. Um namorado de verdade. Ele gosta de mim. Ele é como eu. Ele não é humano. É ele quem eu quero agora. – Dor surtia agora nos meus olhos. Eu estava a sofrer. E muito.
- Se eu tiver que te partilhar, eu partilho. – A minha voz caiu quase como um suspiro e olhei para longe dela como se eu estivesse muito embaraçado para olhá-la nos olhos. – Faço o que for preciso para não te perder.
Eu estava a ser completamente sincero. Eu iria fazer de tudo, nem que tivesse de mudar o mundo todo do avesso. Eu não quero perdê-la. Ela apenas se riu em resposta.
- Escuta o que dizes. Parece patético. Tu sabes como é que são os homens vampiros?
- Não. – A minha voz ficou mais forte e encontrei de novo os seus olhos. – Não, eu não sei como é que eles são. Eu tenho a certeza que eles podem fazer todo o tipo de coisas fixes. Eles provavelmente são grandes e malvados e tudo isso. Mas eu sei de uma coisa que eles não podem fazer. Eles não podem fazer isto.
Num movimento rápido, retirei do meu bolso dos meus jeans uma navalha e cortei uma longa e profunda linha de um dos lados do meu pescoço. Não pressionei muito, para não causar uma ferida grave. Agora, a única coisa que desejava era que ela viesse ter comigo e tomasse o meu sangue. Eu adorava e ela também. Queria-a tanto que até dava a minha vida por ela.
Ela não se conseguiu conter. Inclinou-se para a frente. Coloquei a minha cabeça de lado, esticando o meu pescoço para que o corte ficasse exposto ao seu olhar.
- Faz a dor desaparecer, Zoey, por nós dois. Bebe de mim e pára a queimação antes que eu não consiga suportar mais.
Eu estava a sentir uma dor profunda. Uma dor que só ela podia curar. Ela e só ela. Mais ninguém teria o poder de me fazer sentir assim. Ela deixava-me à beira da loucura. Eu amava-a muito e não iria desistir dela. Nem que tivesse de batalhar contra um exército.
Então ela inclinou-se mais para a frente e colocou as suas mãos nos meus ombros. Quando a sua língua alcançou e lambeu o corte que eu fizera no meu pescoço, o corpo dela tremeu.
- Oh, Zoey, sim! – Gemi. - Tu estás a refrescar. Sim, chega mais perto baby, bebe mais.
Passei gentilmente a minha mão no seu belíssimo cabelo e pressionei a sua boca contra o meu pescoço e ela bebeu. Uma explosão de um enorme prazer acomodou-se em mim. Queria senti-la e estava a consegui-lo. Doce, querida e amorosa Zoey….
Ela sentou-se em cima de mim de pernas abertas, pressionando a sua parte mais privada contra a dureza que eu aparentava ter. As minhas mãos deixaram o seu cabelo e seguraram os seus quadris e esfreguei-a contra mim com ritmo enquanto eu gemia e ofegava e sussurrava para ela não parar. Ela não queria parar. Eu apercebi-me disso. Aquele momento só provou o quão grande é o amor entre nós. Ela já não mentia. Ela já não falava, pois o momento declarava tudo em minutos.
- Sim, vadia! Cavalga nele. Faz com que ele se magoe tão booooommm!
- Esse pequeno rapaz branco não tem nada para ti. Vamos-te dar algo que tu vais sentir de verdade!
O aperto que eu estava a exercer sobre os quadris dela mudou e estava a tentar afastar o seu corpo das vozes para que eu pudesse protegê-la, mas ela parecia mesmo zangada. Também quem é que não estaria depois de se ser insultado? Ela separou os seus lábios do meu pescoço e levantou o seu rosto. Dois rapazes negros pareciam estar apenas a alguns metros de distância e estavam a aproximar-se de nós. Notei que a Z cerrava os dentes fervorosamente e assobiou para eles. Eles mudaram logo a sua expressão para descrença total. Confesso que também fiquei um pouco furioso. Eles não tinham nada que dar opiniões sobre o que eu e a minha namorada andávamos a fazer.
- Afastem-se de nós ou eu mato-vos. – Advertiu ela para eles, resmungando ao mesmo tempo que usava uma voz que nem eu reconhecia. Ela estava mesmo zangada.
- Ela é uma fudida de uma sugadora de sangue vadia! – Disse o mais baixo dos dois. O outro apenas bufou. – Nah, a vaca não tem tatuagem. Mas se ela quer algo para sugar, eu vou dar-lhe.
- Sim, primeiro tu e depois eu. O namoradinho dela pode assistir e ver como se faz. – Dando risadas maldosas, eles começavam a vir até nós. Ainda sentada em cima de mim, a Z levantou o seu braço por cima da sua cabeça. Com o outro, esfregou as costas da sua mão contra a sua testa e pelo seu rosto, limpando assim a maquilhagem que escondia a sua Marca e as tatuagens mais belas que alguma vez vi na minha vida toda. Os rapazes tropeçaram e pararam. Ambos os braços da Zo estendiam-se agora por cima da sua cabeça.
- Vento, vem até mim. – Comandou ela. O seu cabelo começou a erguer-se de acordo com a brisa que a rodeava e que passava agitada em seu redor. – Sopre esses diabos para fora daqui. – Atirou literalmente as palavras para cima deles. Vi que o vento obedecera ao pedido dela e acertou com bastante força naqueles gajos pretos. Ela nem sequer tentou recuar quando um camião os atingiu.
- Zoey, o que fizeste!
Olhou para mim. Senti o meu pescoço ainda a sangrar, mas eu estava completamente pálido e em estado de choque. Conseguia entender que ela estava furiosa por causa dos comentários, mas também não era preciso usar tamanha violência.
- Eles iam magoar-te. – Agora ela parecia estar estranha e confusa. Após fazer aquele esforço era normal, mas ainda não conseguia acreditar que ela tinha feito aquilo. A Zo que eu conhecia não era assim.
- Tu mataste-os? – A minha voz soava de uma maneira errada, assustada e acusadora. Eu não queria que as coisas tivessem chegado ao ponto que chegaram.
Ela franziu para mim. – Não. Tudo o que fiz foi mandá-los para longe de nós. O camião fez o resto. E de qualquer forma, eles não podem estar mortos. – Ela tirou os olhos de cima de mim e virou-os em direcção à rua. Consegui perceber o quão as pessoas gritavam e as sirenes dos carros a buzinar e a buzinar, começando uma algazarra do pior. . - E o hospital Saint John é a menos de um quilómetro daqui.
Tirei-a do meu colo e afastei-a, pressionando a manga do pólo contra o corte que fizera no pescoço. – Tens que ir embora. Logo vão aparecer polícias aqui. Eles não te podem encontrar aqui.
- Heath? – Ela tentou levar a sua mão na minha direcção, mas logo a derrubou quando eu me esquivei. – Estás com medo de mim?
Aproximei-me dela devagar, pegando na sua mão e puxando-a para mais perto de mim para que eu a pudesse abraçar. – Eu não estou com medo de ti. Eu estou com medo por ti. Se as pessoas descobrirem as coisas que tu podes fazer, eu…eu não sei o que pode acontecer. – Afastei-me um pouco, mas sem nunca a largar, continuando ainda a olhá-la nos olhos. – Tu estás a mudar, Zoey. E eu não tenho a certeza no que tu te estás a tornar.
Os seus olhos encheram-se de lágrimas, mas falou. – Estou a tornar-me numa vampira, Heath. É nisso que estou a Mudar.
Toquei-lhe na bochecha e usei o meu polegar para limpar o resto da maquilhagem que ela usava. Curvei-me e beijei a lua crescente no meio da sua testa. – Estou bem sobre tu te tornares uma vampira, Zo. Mas quero que te lembres que ainda és a Zoey. A minha Zoey. E a minha Zoey não é má.
- Eu não podia deixar que eles te magoassem. – Sussurrou, ainda a tremer.
- Hey, olha para mim Zo. – Pus o seu queixo na minha mão e forcei-a a olhar-me nos olhos. – Eu sou enorme. Um óptimo quarterback numa escola top. E estão a oferecer-me uma bolsa para a faculdade. Tu podes por favor lembrar-te que eu posso cuidar de mim? – Soltei-a e voltei a tocar nas suas bochechas. Tudo nela era perfeito. Ela era a Zoey que eu amava e não queria que lhe acontecesse nada de mal. A minha voz era tão séria e adulta que quase parecia o meu pai a falar. – Quando eu estava longe com os meus pais, eu li um pouco sobre a deusa vampira Nyx. Zo, tem muitas coisas escritas sobre vampiros, mas não encontrei nada que dizia que a tua deusa é má. Eu acho que tu deverias ter isso em mente. Nyx deu-te vários poderes, e eu não acho que ela gostaria que tu os usasses da maneira errada. - Ergui os meus olhos para a horrível cena que pairava sobre a rua onde se decorrera o acidente. – Tu não deves ser má, Zo. Não importa o que aconteça.
- Quando é que cresceste tanto?
Sorri. – Há dois meses atrás. - Beijei os seus lábios suavemente e então levantei-me e ergui-a de novo. – Tu tens que sair daqui. Eu vou voltar por donde viemos. Tu provavelmente deverias cortar caminho pelo jardim das rosas e voltar para a escola. Se aqueles rapazes não estão mortos, vão falar e isso não vai ser nada bom para a Casa da Noite.
Ela acenou. – Ok, sim. Eu vou voltar para a escola. – Suspirou. – Eu deveria acabar contigo. -
O meu sorriso logo se tornou numa incrível risada. – Não vai acontecer, Zo. És tu e eu, baby! – Beijei-a bem e com força, para que não se esqueça de mim e que eu estaria sempre com ela. Dei-lhe um pequeno empurrão na direcção do Jardim das Rosas de Tulsa. – Liga-me e vamo-nos encontrar para a próxima semana. Ok?
- Ok. – Murmurou ela.
De repente, pareceu-me ouvir ela a chamar qualquer coisa e vi como a magia e a escuridão a cobriam no seu regaço.
- Wow. Fixe, Zo! – Disse-lhe. – Eu amo-te, baby!
Após isso, virei-me e fui embora. Apesar de saber que ela voltara a estar longe de mim, sentia dentro de mim o amor dela e isso fez-me bem. Ouvi um pequeno sussurro no vento como se de uma mensagem se tratasse.
“Também te amo, Heath.”
A sua voz era tão boa que não podia evitar de esboçar um sorriso para mim mesmo e continuar o meu caminho de regresso a casa, sentindo a minha Zo no meu coração e na minha alma.

6 comentários:

Angie; disse...

Bem, eu já nem consigo arranjar adjectivos para caracterizar! Fantastico! Espectacular! Sei la! tantos! adorei este especial! Amei! Espero o proximooooo!!
:B

Catarina disse...

tá lindo, perfeito, estrondoso, espectacular, fantástico, emocionante e muito mais.
Parabéns Maninho, a tua escrita é realmente fantástica e eu amo ler tudo o que tu escreves :)
Continua assim V, e se precisares de alguma coisa avisa :P

Bjs,
Cat

joana disse...

Amorei Maninho!
O teu erro afinal tava certo "pa menores de 16 anos" xD
A meu ver não tem nada de mal, só por se passar o q se passa não significa nada. Tens de escrever mais especiais deste género, meu Anjo.
Este especial vai ficar na minha memória como o melhor que já escreveste.

Que Nyx te abençoe!
Bjs,
Joana

Jéssica Sequeira disse...

AMEI

G disse...

Adorei! O ponto de vista dele está muito bem escrito, alguns erros, mas isso são pequenos pormenoresXD
Que Nyx te abençoe!

Anónimo disse...

Aprendi muito